quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Prefeitos e comunidades se unem contra os pedágios

Foto: Luísa Medeiros/GES-Especial.


Cidades dos Vales do Caí e Paranhana estão mobilizadas.

Novo Hamburgo - O clima de mobilização toma conta de prefeitos, vices, vereadores e população dos municípios dos Vales do Caí e do Paranhana. Todos estão unindo forças contra as mudanças propostas pela governadora Yeda Crusius, no início da semana, em relação aos pedágios das regiões.

O projeto extingüe o pedágio comunitário de Portão, na RS-122, e transfere de Farroupilha uma praça de concessão privada para São Sebastião do Caí. Também desmembra em dois o ponto de Três Coroas, na RS-115. A proposta gerou polêmica e já desencadeou uma movimentação regional. Na tarde de ontem, representantes do poder público do Vale do Caí estiveram reunidos no pólo da Universidade de Caxias do Sul (UCS), em São Sebastião do Caí, para debater maneiras de pressionar o governo do Estado contra a proposta, que está em apreciação na Assembléia Legislativa.

A reunião, convocada pelo Conselho Regional de Desenvolvimento do Vale do Caí (Codevarc), juntamente com a Associação dos Municípios do Vale do Caí (Amvarc), foi uma tentativa de unir forças. A principal reivindicação do Vale do Caí é que se mantenha o sistema de pedágio comunitário em Rincão do Cascalho, em Portão, que, segundo a Codevarc, tem trazido muitos benefícios para a região. O principal deles, citado na reunião, é a duplicação da RS-122, obra financiada com recursos da praça e que já está 85% finalizada. A associação defende, ainda, que o pedágio tem capacidade para arrecadar, até 2028, R$ 6 bilhões. Valor bem acima dos R$ 300 milhões previstos na contrapartida exigida pelo governo para a renovação da concessão até essa data. “Mesmo com os gastos de manutenção, estimados em R$ 3 bilhões, ainda assim fica uma margem de 50% que poderia ser investida na região”, explica o prefeito de Linha Nova, Guiomar Winguert.
Uma comissão da Codevarc e da Amvat irá encaminhar, ao governo do Estado, um documento solicitando a preservação do pedágio comunitário em Portão. O pedido é de que esse ponto seja excluído da votação.


“Somos o patinho feio do processo”


O presidente do Conselho Regional de Desenvolvimento do Vale do Caí (Codevarc), Clóvis José Assmann, é enfático ao criticar o projeto apresentado pelo governo estadual. “Somos o patinho feio do processo mas, ao mesmo tempo, a galinha dos ovos de ouro”, ironiza. Ele se refere ao fato da retirada de um pedágio privado na região da Serra gaúcha para transferir ao Vale do Caí, sem nenhum prejuízo de fluxo de veículos e sem rotas de fuga.
Assmann diz que a força da economia da região serrana impediu a instalação de pedágios na Rota do Sol e para resolver um problema de outra região, o governo tira uma praça de Farroupilha e “joga” no Vale do Caí, onerando toda uma população. “A privatização do pedágio do Caí está sendo usado como moeda de troca de um conjunto de equívocos que não nos diz respeito”, comentou.
Já o presidente da Associação de Municípios do Vale do Caí e prefeito de São José do Sul, Mario Jacob Rohr (PP), fala sobre uma possível quebra de harmonia com o governo de Yeda Crusius. “Até agora a governadora foi muito honrosa com todos os acordos e compromissos que firmou com os municípios, mas acredito que nesse ponto teremos um certo atrito”, disse. Rohr comentou que o governo dialoga, mas dificilmente se mostra sensível aos apelos de entidades representantes dos municípios, por isso a importância de encontros como o de ontem.


Paranhana contesta proposta


Igrejinha/Taquara - O prefeito de Igrejinha e também presidente da Federação dos Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), Elir Domingo Girardi, diz que a entidade está se mobilizando contra os pedágios. “Nossa defesa é de um pedágio comunitário e não de concessão, como temos em Três Coroas. Ter em uma rodovia dois pegádios (RS-115) em uma distância de aproximadamente 40 quilômetros é inaceitável.’’. O vice-prefeito de Taquara, Guido Mário Prass Filho (PP) também é contra a construção de outro pedágio no Paranhana. Para ele, caso ocorra, o comércio entre as cidades será prejudicado e os trabalhadores perderão oportunidades de trabalho. “Existe na região um intercâmbio. Muitas pessoas de Taquara são prestadoras de serviços em Igrejinha e Três Coroas, e vice-versa. O comércio também é será prejudicado’’, comenta.


Economia regional será afetada


Três Coroas - O prefeito Orlando Teixeira dos Santos Sobrinho (PMDB), diz que é contrário à nova possibilidade de implantação de mais um pedágio na RS-115. Para ele, o maior prejudicado nesta história será o trabalhador. “Não concordamos com essa possibilidade. Além do preço do atual pedágio ser salgado, muita gente que trabalha nos municípios vizinhos terá um custo adicional.’’
AÇÕES - O Conselho Regional de Desenvolvimento do Vale do Paranhana/Encosta da Serra (Corede/VP) realizará ações junto a deputados estaduais para a reprovação da proposta. Para o presidente do Corede/VP, Delmar Backes o Estado deve manter o contrato que está em vigor e exigir mais das concessionárias. “O Corede é contra. Queremos a implantação de pedágios comunitários.’’


Comércio será prejudicado


Entidades da região do Vale do Paranhana concordam com a posição dos gestores dos municípios da região. A diretoria da Câmara da Indústria, Comércio, Serviços e Agropecuária do Vale do Paranhana (Cics-VP) manifestou descontentamento. Em reunião realizada na noite da última terça-feira, a diretoria considerou prejudicial à região a proposta do governo do Estado. De acordo com a Cics/VP, o pedágio sobrecarregará a economia da região e afetará o cidadão residente no Paranhana, que trafega pela RS-115 diariamente, como também a todos que visitam a região. Conforme o presidente da Cics/VP, Marcos Kayser, mesmo com a redução da tarifa do pedágio de Três Coroas, não justifica a instalação de nova praça de pedágio.


Luísa Medeiros/
Jornal NH 13/11/2008 - 07:03